A compreensão de corpos plurais na sociologia do corpo
- Barros, Claudia Maria Rodrigues (UFPA/IFPA)
- Borges, Carlos Nazareno Ferreira (UFPA)
O presente estudo investiga o corpo plural em uma dimensão sociológica, tendo como linha de análise dois autores da sociologia do corpo, Marcel Mauss e David Le Breton, o primeiro é referência sobre fato social total e o segundo sobre construção social. Apontamos a partir de um estudo anterior, baseado na obra de Le Breton, que a sociologia é um campo de inúmeras possibilidades de investigação e que o corpo é capaz de materializar representações e imaginários de seus atores sociais (Barros, Carréra, Correia, 2023). Além disso, o corpo está presente nas mais diversas ações humanas, e junto com ele, diferentes associações estão imbrincadas, sejam elas alienadas, acríticas, apolíticas ou desumanas e, por isso, Spivak (2010) aponta a partir do discurso pós-colonial, que os sujeitos subalternos não têm direito a voz. Segundo Galak (2015), há três momentos marcantes na história do corpo: Um primeiro identificado enquanto corpo clássico, coisificado, estruturado; um segundo correspondente ao corpo acessório, atrelado à fisiologia e a medicina, e; o terceiro chamado corpos plurais, atrelado à sociologia. Esse corpo plural, dialoga com os estudos de Mauss (2003), sobre as técnicas do corpo, que nos leva a considerar o corpo com a cultura, além das diferentes linguagens, compreendendo que corpos plurais são corpos políticos, que agem, pensam, falam, refletem, constroem, manifestam-se criticamente. Para Galak (2015), é a partir da década de 1960, do século XX, com a “revolta do corpo”, que diversos movimentos trouxeram à tona questões sociais, dentre eles: o feminista, o hippie, a revolução sexual (defesa pelo aborto e pelo uso de anticoncepcional, por exemplo) e o body art (arte do corpo). Percebe-se que os movimentos tomam como base o corpo e que “estudiaron la relación entre las prácticas sociales y el cuerpo. Esto, a su vez, dio como resultado una multiplicación del cuerpo, una pluralidad de cuerpos o, si se quiere, un cuerpo plural” (Galak, 2015, p. 06). O objetivo deste estudo é analisar como os corpos plurais são compreendidos a partir de uma sociologia de corpo. Os pressupostos metodológicos do Estudo se baseiam em um levantamento teórico, leitura e síntese, de autores que dialogam com a temática como Barros, Carréra, Correia (2023), Galak (2015) e Le Betron (2007), Mauss (2003), Spivak (2010). Os resultados apontam que o corpo está imbricado em uma relação de poder e de corpos oprimidos, mas que a compreensão sobre a sociologia do corpo de Le betron e Mauss, faz dimensionar de forma diferente um contexto de corpos diversos, conscientes, políticos, resistentes, diversos, sociais, culturais, transicionando para a superação da concepção limitada e reducionista de corpo como biologizante, físico, mecânico ou da técnica pela técnica.
Palavras-chave: corpo; corpo social; corpo plural.