A cerimônia de abertura que inaugura o calendário dos Jogos Pan-americanos (JPA) inclui narrativas que abrangem a filosofia do Olimpismo, questões geopolíticas e socioculturais, expressas através de discursos, apresentações artísticas e outros rituais cerimoniais, além de elementos protocolares. Por meio dessas cerimônias, os países celebram e reforçam seus valores e identidades, ao mesmo tempo em que evidenciam tensões sociais relacionadas ao país/cidade sede e aos países participantes. Com base nesses aspectos, analisou-se discursos e representações sobre identidade, valores e questões geopolíticas emergentes na cerimônia de abertura dos Jogos de Santiago 2023. A pesquisa é qualitativa, utilizando dados coletados através de etnografia. Santiago sediou os JPA pela primeira vez em 2023, e sua cerimônia de abertura enfatizou sua formação histórica em meio a conflitos. O elemento central do ritual cerimonial destacou a geografia e o território do Chile, que reivindica uma mudança de sua representação como "fim do mundo" para "começo do mundo". Isto esteve presente na escolha do cenário e nas representações artísticas, simbolizando disputas, fragmentação e unificação. A cerimônia se estabeleceu como uma celebração cultural transcendental e ritualística, visibilizando questões de identidades e elementos interseccionais da constituição do país/cidade sede, em diálogo com as Américas e, especificamente, com a América Latina. Os discursos destacaram a ascensão de Santiago a um novo status no mundo esportivo a partir dos JPA de 2023.

Palavras chave: Identidades - jogos pan americanos – narrativa - cerimônia de abertura