Com a disseminação das artes marciais asiáticas pelo mundo, ao longo do século XX, essas práticas corporais ganharam prestígio. No entanto, esse reconhecimento também gerou conflitos. Para entender essas dinâmicas, este estudo, baseado na Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu, analisou as ações dos agentes do campo das artes marciais asiáticas, usando dados de Moenig, Kim e Choi (2023). O estudo identificou dois grupos: os tradicionalistas (ortodoxos) e os modernistas (heterodoxos). O principal ponto de discórdia entre esses dois grupos foi o monopólio da violência simbólica, ou seja, o controle para validar a estrutura de poder e excluir dissidentes. Logo, para compreender essas disputas neste campo, o conceito de Doxa se fez pertinente. Esse conceito, proposto por Bourdieu, refere-se a crenças e opiniões aceitas no campo, mas não questionadas. No campo das artes marciais asiáticas, a discussão sobre filosofia e valores educacionais expõem visões ultrapassadas e irracionais, contrastando com abordagens práticas e científicas. Assim, o misticismo, o esoterismo e o romantismo ainda influenciam o discurso no campo das artes marciais asiáticas esportivizadas. A divergência entre os dois grupos não está solucionada e constitui a principal causa de muitas opiniões e debates conflitantes presentes no contexto das artes marciais. Por fim, as disputas de poder refletem não apenas a busca por autoridade, mas também a tensão entre tradição e modernidade no esporte contemporâneo.

Palavras-chave: Karate – Esporte – Pierre Bourdieu