Há uma estigmatização histórica associada às pessoas com algum tipo de comprometimento e um impacto da configuração societária no exercício da cidadania deste grupo social. Nas últimas décadas o esporte adaptado às pessoas com deficiência (PCD) foi um fator de fomento de soluções, equidade e luta por direitos que viabilizassem melhorias na causa anticapacista Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi compreender como atletas alagoanas/os com deficiência manifestam, ou não, o fenômeno do capacitismo no contexto esportivo. Por meio de uma pesquisa de inspiração etnográfica, com abordagem qualitativa dos achados, acompanhamos 12 atletas e dois membros da comissão de treinadores de uma equipe de atletismo adaptado na sua rotina de treinos durante seis meses. Observamos a organização estrutural da equipe esportiva, os sistemas de treinamento, a vida cotidiana dos atletas e a interação deles com seus parceiros de prática bem como com o espaço. Identificamos que o contexto esportivo adaptado reproduz o capacitismo linguístico em sua dinâmica cotidiana. Por conta de anos de coleguismo e amizade, a comunicação da PCD também pode ser influenciada a cometer reproduções não intencionas de preconceito, seja de capacitismo ou de homofobia, como exemplificado no trabalho. Além disso, a condição financeira e os obstáculos para a profissionalização esportiva, bem como a classificação funcional dos atletas se estruturam como operadores simbólicos capacitistas do contexto do esporte de rendimento.
Palabras clave: Esporte adaptado – Anticapacitismo – Sociologia do esporte – Jogos Paralímpicos - Mídia.